Para alguns comentadores, esta é uma oportunidade de
aplicar um novo sistema económico e político, mais justo e eficaz. Para outros,
o tempo é de reforçar os mecanismos do capitalismo selvagem, um sistema que
pode ser duro (sê-lo-á, crescentemente) mas funciona melhor do que todas as
alternativas, defendem. Ninguém espera, de toda a maneira, facilidades nos
próximos tempos.
Ninguém excepto o cidadão comum, que continua a utilizar com
surpreendente frequência a expressão «a crise é psicológica».
Tirando o anúncio dos cortes no 13.º mês — na verdade ainda
não sofrido —, a maioria dos cidadãos
que manteve o emprego não sentiu por enquanto toda a veemência da crise. As
empresas e as instituições já lhe provaram o sabor, claro, mas as ondas de
choque levam o seu tempo a chegar aos funcionários, ainda preocupados com os
resultados do campeonato e o desenrolar das novelas.
2012, como reza o calendário Maia, será o ano de todos os
cataclismos. Finalmente toda a força da crise, entretanto agravada pelo
permanente degradar da situação, se abaterá sem contemplações. Em 2012 não mais
a crise será psicológica — a não ser
para os que percam de todo o norte e o juízo e passem a viver em negação.
Seria interessante observar Portugal em 2012 — se não
estivéssemos, como vamos estar, demasiado ocupados a tentar sobreviver-lhe.