O que acontecerá quando as medidas para
o aumento da receita a fizerem diminuir? Que resultado terá o IVA a 23% na «valorização»
das bilheteiras? Se não acreditássemos nas boas intenções da SEC, diríamos que
ela tem um plano pérfido. Apresenta os requisitos para a viabilidade das
instituições — e simultaneamente cria as condições para que eles não sejam
cumpridos.
De resto, a SEC é a primeira a
contribuir para a desvalorização das bilheteiras, com aquela sua forma de falar
das coisas pela negativa. Para a SEC a cultura não é um bem, um direito, um benefício,
um privilégio que devemos agarrar — mas um frete que temos de ir alijando.
Talvez não seja exactamente isto que lhe passa pela cabeça, mas é decerto isto
que lhe passa pela boca. E que o povo ouve, pronto a concordar.
Vem de trás, do debate nos blogues e
nos jornais. Um conjunto de dandies
conservadores — e provavelmente pouco frequentadores de algo mais do que livros
— fez o diagnóstico e formatou o discurso da SEC. Punir a cultura, eis tudo o que
havia a fazer. Nenhuma palavra, nenhuma ideia sobre serviço público. Nem que fosse o assumir que nenhum serviço público é necessário. Que o fim do teatro, da dança, da música não é mal nenhum. Este tipo de honestidade.