Bolsanaro e os cínicos profissionais
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
terça-feira, 30 de outubro de 2018
Do Coração Acordeão:
«A potência censora e nefasta do politicamente correcto é real, sim; o problema é toda a porcaria que entretanto se tem incluído na pastilha do remédio: já não há facho, xenófobo, racista, anti-semita e o raio que não se sinta vítima do — e, portanto, legitimado pelo — politicamente correcto. De quem antes se dizia boçal passou a dizer-se politicamente incorrecto, uma coisa boa, na medida em que é o contrário dessa coisa má que é o politicamente correcto.»
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
O melhor da direita liberal ou conservadora contra o Bozo
É reconfortante ver que à direita há quem tenha decência. Este texto de David Dinis diz o óbvio ululante sobre Bolsonaro e em simultâneo lembra-nos como no Observador, e em certas facções da direita dita conservadora, reina o mais puro fanatismo.
https://eco.pt/opiniao/aos-meus-amigos-do-observador-e-a-assuncao-cristas/
Há outras declarações à direita que nos dão esperança de que quando chegar a vez de Portugal enfrentar a onda de populismo fascizante (que vai chegar, os sinais já saíram das caixas de comentários e do Facebook, apadrinhados pelo cinismo de serviço) a nossa elite política saberá estar do lado certo.
Leia-se, por exemplo, Francisco Mendes da Silva a dar uma lição sobre conservadorismo aos seus pares:
https://eco.pt/opiniao/aos-meus-amigos-do-observador-e-a-assuncao-cristas/
Há outras declarações à direita que nos dão esperança de que quando chegar a vez de Portugal enfrentar a onda de populismo fascizante (que vai chegar, os sinais já saíram das caixas de comentários e do Facebook, apadrinhados pelo cinismo de serviço) a nossa elite política saberá estar do lado certo.
Leia-se, por exemplo, Francisco Mendes da Silva a dar uma lição sobre conservadorismo aos seus pares:
https://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/francisco-mendes-da-silva/detalhe/conservador-nos-tempos-de-colera?ref=Opini%C3%A3o_outros
Ou Adolfo Mesquita Nunes, a sugerir o evidente, que acusar a esquerda de ser responsável pelo surgimento de Trumps, Bozos e afins é cínico e muito confortável, já que não se vê que a direita tenha feito melhor:
https://www.publico.pt/2018/10/06/mundo/opiniao/bolsonaro-um-fascista-e-um-fascista-1846282
https://www.publico.pt/2018/10/23/sociedade/opiniao/senhores-policias-nao-chegamos-brasil-1848417
https://www.publico.pt/2018/10/25/mundo/opiniao/esquerda-chamou-fascistas-fascistas-vieram-1848683
E depois percorremos o blogue de um outro liberal, criador do mais irresistível conservador da literatura portuguesa das últimas décadas, e vemos que o máximo que conseguiu até hoje foi isto:
https://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/o-brasil-teatro-de-horrores-1596001
Pouco, tão pouco, para quem tanto tem escrito sobre o Brasil.
Ou Adolfo Mesquita Nunes, a sugerir o evidente, que acusar a esquerda de ser responsável pelo surgimento de Trumps, Bozos e afins é cínico e muito confortável, já que não se vê que a direita tenha feito melhor:
«Um espaço político como o da direita das liberdades não pode resignar-se à apresentação de populistas como Bolsonaro ou Orban, lamento. Tem obrigação de saber canalizar as frustrações, as ansiedades, o desespero, para um projeto positivo, integrador, mobilizador.»O próprio João Miguel Tavares escreveu já dois textos impecáveis, mas depois voltou ao de sempre, com a velha e de momento inútil lengalenga da 'esquerda criadora de monstros' — o que nos põe a pensar se os artigos anteriores não foram apenas para alívio de consciência e registo histórico:
https://www.publico.pt/2018/10/06/mundo/opiniao/bolsonaro-um-fascista-e-um-fascista-1846282
https://www.publico.pt/2018/10/23/sociedade/opiniao/senhores-policias-nao-chegamos-brasil-1848417
https://www.publico.pt/2018/10/25/mundo/opiniao/esquerda-chamou-fascistas-fascistas-vieram-1848683
E depois percorremos o blogue de um outro liberal, criador do mais irresistível conservador da literatura portuguesa das últimas décadas, e vemos que o máximo que conseguiu até hoje foi isto:
https://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/o-brasil-teatro-de-horrores-1596001
Pouco, tão pouco, para quem tanto tem escrito sobre o Brasil.
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Mais uma caneca de Zuckerberg, por favor
Sei de escritores que abandonaram o Facebook para se
tentarem libertar da ânsia de esperar um retorno imediato quando escrevem qualquer
coisa. Os ‘likes’, os comentários e as polémicas viciam, é sabido, e a escrita de
fôlego é prejudicada quando o escriba ao fim de três esforçados parágrafos se
descobre à espera de reacções. Se as não tem porque, por uma vez, deixou o
texto offline, fica como as focas no
parque de diversões quando no final das piruetas não recebem o peixe de
recompensa: frustrado e ressentido, quezilento, não colaborativo. E se, para ultrapassar
a crise, opta pelo quesefodismo e publica a prosa, perde as horas seguintes a monitorizar
a performance do textículo na net e lá se vai qualquer ambição de desenvolver a
ideia, de a fazer chegar a ensaio, novela ou romance.
Mas se o escriba consegue manter-se abstémio, afastando com bravura
a caneca espumosa de Zuckerberg, corre outro tipo de risco, particularmente
se tiver enveredado por uma prosa realmente longa. Pode bem chegar ao fim das
suas seiscentas páginas e ao sair da toca descobrir que, embora o mundo tenha
sobrevivido ao holocausto nuclear e às alterações climáticas, não sobrou
ninguém com o mínimo interesse para ler o que lhe demorou todos aqueles meses a
escrever.
As piores notícias para o escriba não vêm, em suma, das chancelarias
diplomáticas nem do IPCC, mas dos relatórios da APEL, se ela produzir alguns
que de facto reflictam o mundo actual.
sábado, 13 de outubro de 2018
Maquilhando o cadáver
Passei anos a ler os nossos neoliberais lembrarem o pecado
de Neville Chamberlain, por vezes em termos que nem Churchill aprovaria. Hoje
constato que estão quase todos na primeira linha do branqueamento de Trump e de
Bolsonaro. E digo quase, porque,
perante o óbvio ululante, já há alguns que vão timidamente sugerindo que se demarcam,
pensando decerto na história póstuma.
A explicação do mundo contemporâneo
«Eis então o único mérito de Bolsonaro: ter criado uma circunstância perfeita para percebermos não só quem é de esquerda e de direita, mas sobretudo quem ainda se indigna com o discurso deste homem,inadmissível numa sociedade decente, e quem tem um ódio tal à ideologia de esquerda que está disposto a tolerar tudo.»Do Ouriquense.
(Ler ainda: «Leme»)
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