Quando o dinheiro fica escasso, o capitalismo não hesita em
suspender alguns dos seus princípios, embora mantenha uma comovedora
selectividade. Aceita, por exemplo,
congelar
a progressão na carreira, esse estímulo à produtividade e à competência. Por
outras palavras, a «ambição», pecado que o capitalismo acarinha
particularmente, pode ser suspensa em época de crise — mas só nos escalões
subalternos. No topo, continua a ser francamente estimulada.
Outro princípio abdicável é o do cidadão-consumidor, que
pode ser convertido no do cidadão-poupador. Que não seja dado ao cidadão o que
poupar é um detalhe que não preocupa os governos do sistema: eles próprios se
encarregam de depositar nos bancos o dinheiro
a que o cidadão não tem acesso.