Já desconfiávamos que não podíamos contar muito com a gente nas casa dos vinte para a construção de um espírito nacional exigente, culto, aberto,
democrático, contemporâneo, cosmopolita, generoso. O maior orgulho e o maior
empenho do grosso das últimas gerações universitárias foi votado à praxe, às
tradições académicas, à imbecilização — teríamos de ser demasiado cândidos para
contar com aquela juventude. Agora
temos a certeza. Agora temos a certeza de que se algumas das conquistas
recentes — que eram em grande parte para serem vividas pela gente de vinte anos
— sobreviver será apesar daquela
juventude. A grande e permanente farra universitária continuará, e nem é como se
fosse a «última farra» — haveria algo de respeitável no gesto tresloucado de festejar pela última vez enquanto o mundo implode. É apenas a continuação, o arrastar de uma rotina niilista de cinco
anos que em grande medida interrompe o pensamento, a curiosidade, a dignidade —
quando devia estar exactamente a expandir
estas qualidades.
Hoje escreveria sobre isto e o mais que há a dizer sobre as praxes e a
vida «académica», mas o Rui Bebiano e o Daniel Oliveira fizeram-no muito bem
aqui e aqui. Leiam, por favor. Uma parte da pátria agradece a vossa curiosidade.