domingo, 16 de outubro de 2011
Concorrência desleal, eis a questão
A «concorrência desleal» das instituições culturais
financiadas pelo Estado é a espaços referida por produtores ou empresários do
ramo, geralmente empresários que se orgulham da sua «independência» e da
popularidade do seu produto, da «importância» que o público lhe dá. Este
discurso enferma de dois equívocos, nem sempre inconscientes. Em primeiro lugar,
a verificação de tal «concorrência» pressupunha, por exemplo, que o cidadão
hesitasse entre assistir a uma peça de Harold Pinter ou a uma comédia ligeira com
vedetas televisivas. Hesitasse entre assistir ao último espectáculo da C de la
B ou à última produção de La Féria. Hesitasse entre a nona sinfonia de Bethoven
e a nova edição do Super Bock Super Rock. Ora, todos sabemos como estas
hesitações são vulgares em Portugal.
Nem Hamlet padeceu de mais frequentes e dilacerantes dúvidas do que as que
assolam os portugueses na hora de escolher o espectáculo.