É possível que não haja alternativas, grosso modo. Não seria fácil tentarmos sozinhos um caminho
diferente, embora fosse imperioso. Mas há detalhes
importantes. Entre as particularidades do descalabro português está o facto de,
com uma das piores economias, termos atingido na Europa uma das maiores
desigualdades de rendimentos. Ora, este é um luxo a que também não nos podemos dar. Haveria alguma sensatez em corrigi-lo.
Como? Efectuando cortes que funcionassem progressivamente na escala de rendimentos.
Não há razão para que um país à beira da bancarrota tenha classes altas proporcionalmente
mais ricas do que em economias estáveis. A «Europa» iria certamente apreciar
que nos deixássemos de luxos insensatos e esta adequação à realidade aliviaria
um pouco o sofrimento dos mais pobres. Ou talvez não fosse assim tão pouco:
alguém faça as contas.
Claro que nada disto interessa a um Governo «corajoso» como o actual, para quem «luxo» foi o relativo bem-estar social que atingimos — não a obesidade dos nababos.