Nesta, como noutras matérias, o blogger
é feroz apoiante do Governo. Por alguma acção em concreto? Não. «A Cultura
institucional está entregue a um homem de cultura que nada tem a provar para
fazer currículo. Chega-me.»
O Secretário de Estado nada tem a provar, portanto. Em caso de dúvidas,
basta-lhe abanar o currículo nas ventas dos críticos. (O que, sendo Verão, até
ajudava a poupar no ar condicionado). Mas já que Carvalho se satisfaz com pouco
(é mais um adepto da frugalidade) e chegando-lhe o perfil do Secretário de Estado,
não estaria disposto a aceitar uma silhueta recortada em cartão? Ainda seria
mais económico.
João Carvalho não apoia veleidades na área da Cultura porque, enquanto apreciador
do Secretário de Estado, quer protegê-lo duma doença que afecta «a mais distinta
intelectualidade da nossa praça». Parece que «os mais iluminados, quando se
vêem a decidir, perdem depressa a imaginação criadora e a acção raramente
ultrapassa a simples distribuição de verbas». Pelo sim, pelo não, abstenha-se a
Secretaria de «ideias geniais». Talvez um diploma emoldurado na parede chegasse
para o serviço que é necessário.
Mas será o cheque em branco de Carvalho uma apologia da inércia? Não,
nada disso. Na verdade, há acções da Secretaria de Estado da Cultura que João
Carvalho aplaude vigorosamente. O seu post,
de resto, é espoletado por uma dessas acções: o despedimento de Diogo Infante. Claro
que, em rigor, decisões do género (mesmo que correctas) não são exactamente
medidas culturais, mas actos administrativos. Ora aqui é que bate o ponto: depois
de um currículo, a opção de João Carvalho
para a Secretaria era talvez um mangas-de-alpaca, alguém com jeito para subtracções e sem o perigo das ideias.