domingo, 13 de novembro de 2011

De equívoco em equívoco

O meu início na literatura “séria” foi uma sucessão de equívocos. Um dia, na praia, comprei A Porta dos Limites, de Urbano Tavares Rodrigues, a pensar numa espécie de Twilight Zone. A capa ajudava. Na biblioteca itinerante da Gulbenkian, encontrei A Metamorfose, de Kafka, e talvez o filme A Mosca ainda não tivesse sido realizado, mas foi com esse espírito que iniciei a leitura da obra. A capa ajudava. Algures na mesma época parda (e parva), atirei-me com esperança ao livro de Kundera A Insustentável Leveza do Ser a imaginar criaturas que levitavam, de preferência alienígenas. A capa não desdizia. Finalmente, Fatherland, de Robert Harris, não era bem um livro de guerra como os filmes sobre nazis — embora a capa o pudesse indicar. De equívoco em equívoco, acabei hoje de ler Ferrugem Americana, de certa maneira uma história de desempregados e falhados. Talvez fosse aqui que o destino me quisesse trazer. Mas nesse caso podiam ter-se poupado muitas centenas de volumes.