segunda-feira, 21 de novembro de 2011
…é uma alegria
Esta satisfação com a escassez do dinheiro tem nalguns casos uma razão
conhecida. Há tipos que vivem mal com os interesses alheios. Se mandassem (e
agora mandam, ou pelo menos mandam bitaites), a sociedade haveria de se reger
pelos seus interesses particulares. O que eles não necessitam, não consomem, não
frequentam, não utilizam ou não apreciam pode simplesmente acabar; por extensão
do seu ego, não faz falta a ninguém. Até aqui, sentiam alguma dificuldade em
convencer toda a gente de que aquele ponto de vista era racional. As pessoas
não são sempre estúpidas, por vezes percebem quando estão a tentar decidir por
elas. Contudo, a crise instalou-se, e com ela chegou por fim o argumento de que
os tipos necessitavam: não há dinheiro. Agora podem abrir a boca e parecer sensatos.
O argumento é real, as pessoas são sensíveis a ele. Os despotazinhos podem finalmente
afunilar a sociedade ao seu critério que a intenção não é percebida por todos. E
ei-los aos saltos, afogueados, a berrar a toda a hora e em todo o lado o seu
mantra: Não há dinheiro, não há dinheiro, não há dinheiro. É uma alegria.