sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Façanheiros…

Uma das coisas que a crise financeira iniciada em 2008 necessariamente faz (ou devia fazer) é interrogar como é que o sensato pessimismo antropológico da direita  se coaduna com a crença fervorosa num mercado desregulado. Para além da natural dificuldade de resistirem aos muitos crimes possíveis num mercado assim, ficou evidente que não só os agentes económicos são também capazes de agir irracionalmente, e portanto contra os interesses do sistema, como são capazes de arriscar “irracionalmente”, porque sabem que no fim estará sempre o Estado para cobrir as falhas.
Esta é a chave. Num mercado verdadeiramente livre, o Estado não poria a mão por baixo de especuladores ou instituições que arriscaram de mais. Só que aparentemente não o pode fazer, porque as consequências do risco estúpido afectam o resto do mercado e, no final, a sociedade. Os especuladores sabem-no ― por isso, como personagens façanheiras, riem do “risco”.