quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Amostragem

Nas circunstâncias actuais, vai ser interessante perceber como vão votar os madeirenses nas próximas eleições. Serão capazes de não votar em Jardim? Abandonarão finalmente o seu papel de súbditos ou de clientela?
Não estamos a observar um povo estrangeiro ou exótico. Os madeirenses, também para o que aqui interessa, são portugueses, partilham o mesmo genoma, a mesma idiossincrasia, e descobrir como reagirão ao cúmulo da desvergonha ajudar-nos-á a conhecermo-nos melhor enquanto nação.
Importa averiguar se os portugueses finalmente perceberam como é pernicioso votar acriticamente; se perceberam que o seu comportamento enquanto eleitores influencia de facto o seu futuro enquanto povo; que os erros que estão dispostos a perdoar ou de que são cúmplices se voltam contra eles próprios mais cedo ou mais tarde.
Se isto acontecer, talvez estejamos a dar o primeiro passo para sair da crise (se a crise tiver saída que dependa de nós) e para nos tornarmos um país mais decente e mais focado num bom desempenho económico e social.
Claro que por segurança é melhor apostarmos que nada vai mudar, que o soberano ilhéu continuará a ter as grandes vitórias do costume enquanto for candidato. Porque a exposição da desvergonha por si só não representou propriamente uma novidade. As pessoas sabiam, de algum modo sabiam como eram governadas (na Madeira como em tantas paróquias de norte a sul do continente). O que pode fazer a diferença é desta vez acontecer alguma coisa de facto, haver alguma consequência para Jardim e para a Madeira. E isso está nas mãos dos políticos e das instituições do Estado. Façam o seu papel, mostrem que há consequências e talvez o povo comece a repensar o seu comportamento e a fazer com que a democracia representativa funcione, deixe de ser a farsa com que nos iludimos.
De Cavaco Silva já ninguém no seu juízo espera nada de útil ou sequer relevante, mas Passos Coelho tem aqui a oportunidade de mostrar que é mesmo uma pessoa com vontade de fazer as coisas bem, que não foi apenas um tipo que soube aproveitar o momento para agarrar o lugar ambicionado e alguém obcecado em aplicar um certo programa ideológico, seu ou daqueles a quem dá ouvidos.