A não ser se pretenda que teatro passe a ser sinónimo de
comédia, que se pretenda reduzir, digamos, dramaticamente
a amplitude da disciplina, amputá-la dos seus múltiplos ramos, purgá-la de géneros,
correntes, autores, a não ser que o objectivo seja esta simplificação extrema
(ideia que certamente excita muitas cabecinhas), a mediatização não tem servido
de muito ao teatro. Quantos dos “famosos” aproveitam a sua fama para dar
visibilidade a alguma forma de teatro que não seja a esperada pela TV? O métier português não é como o londrino,
pois não.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Agentes da previsibilidade II
Não raro, em defesa da feira de vaidades instituída, é dito
que a mediatização de intérpretes concedida pelas televisões é benéfica para o
teatro. Que de alguma forma essa mediatização foi responsável por devolver
público ao teatro. Mas a questão é esta: de que teatro falam? Salvo honrosas
excepções, as vedetas de televisão sobem aos palcos para compor o orçamento (ou
o ego) com umas comediazinhas ligeiras, muito vezes verdadeiramente execráveis.
Que de quando em quando são apresentadas como exemplos de produção
verdadeiramente “independente”. E rentável, claro: apostam sempre no número (de
circo) vencedor.