Contudo, as gargalhadas da direita deviam acabar no momento em que
estivesse disposta a reconhecer como também ela crê nos seus impostores. No
caso, um bastante mais prejudicial ao país: o sr. Miguel Relvas.
Cedo se percebeu que Relvas era má rês, quando o vimos enredado nas
suas contradições, nas suas ocultações, nas suas mentiras, na sua bazófia de
chico-esperto impune. No entanto, a direita, tão desesperada para acreditar num
governo mais liberal do que o costume (o que até é compreensível), foi sendo
condescendente, relativizando, ignorando, fechando os olhos, contemporizando. O
tipo era um desqualificado, um oportunista, um cretino, à sua maneira um impostor, mas era o impostor dela.
Hoje a direita bem pensante, Helena Matos e Vasco Pulido Valente vagamente
incluídos, bastante depois de todo o português com dois neurónios e sentido de
honestidade, já reconhecem que o sr. Relvas é uma voraz mancha no cadastro e um
tiro no pé do Governo. (Embora nem sempre estendam o raciocínio para denunciar
as más razões por que ele continua lá, as suas ligações perigosas a
Passos.) Mas na verdade, tirando uma ou outra hipócrita indignação, ninguém faz muita coisa para que o homem saia. Sair
Relvas é cair o Governo, como todos sabemos, e isso, um Governo de direita mais liberal, é coisa que a direita não pode perder, mesmo que tenha de
continuar a aguentar, e nós com ela, os seus doutores que não o são, os seus ministros que não o são (não da república, pelo menos), os seus impostores.
A direita poder rir da estupidez da esquerda e dos jornalistas
portugueses, mas infelizmente nós, os do voto em branco ou os da genitália no
boletim, não vamos poder rir da estupidez da direita e do seu Governo de
impostores. Não dá muita vontade de rir quando se está sem cheta no bolso a ver
os negócios e a merda que fazem com o país.
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