terça-feira, 18 de dezembro de 2012
2. Correr na quarta dimensão
Sítios acolhedores para correr não são apenas o Éden e o the day after, esses lugares de
ausência. Mantendo isto num registo de sci-fi,
a quarta dimensão também se revela
assaz recomendável. Ambos os mundos oferecem possibilidades excitantes. Calcorrear
a solidão ou cruzar a urbe paralelo como um fantasma — capaz de ver, ouvir e
cheirar mas invisível, silencioso e inodoro, um ectoplasma de Reebok, sweatshirt e curiosidade impertinente —,
eis as duas faces da minha moeda. Na primeira, sou apenas eu e o mundo
não-humano: o ímpeto ruidoso e instigador do rio nas represas e nos rápidos e o
seu balsâmico murmúrio nas zonas de abrandamento, o canto livre de rouxinóis ou
melros insones, salamandras em vagares de lesma, com sorte a minha garça-real a
patinhar num baixio, como há três noites. Na outra face da moeda é todo o
mundo — e eu ausente dele, interceptando-o apenas com o olhar e com o vício de efabular,
coexistindo sem conviver.
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