sexta-feira, 8 de março de 2013
Tomando nota
Uma das vantagens do meu parque-mundo é que os seus habitantes são como
diamantes, prismas com muitas faces que brilham à luz do sol. Podemos tomá-los
por vários ângulos, mostram-se-nos em cada circunstância com diferentes
fulgores. Não sendo muitos, cada um é uma multidão. Quando o sujeito careca que se senta à hora do almoço na escadaria com vista para o rio pega num livro, por
exemplo, podemos considerar que aproveita o almoço para ler, porque gosta,
porque precisa de distrair o desgosto amoroso, porque a bancarrota ou o
desemprego agora lho permitem. Ou podemos decidir ver diferente e concluir que
o livro é na verdade um bloco de assentamentos, dos antigos, de capa dura, onde
toma nota dos negócios da marijuana e do resto.
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