Mas não são os atletas os meus habitantes preferidos do parque. São-no os
que deambulam e se detêm com ar melancólico a perscrutar um horizonte que o parque
não tem, na exiguidade da sua topologia. Não sei o que olham. Um pássaro
exibicionista? A corrente variável do rio? Uma sombra evocativa? Uma árvore, um
ramo, uma flor? O crescimento da relva? As outras pessoas? O rabo de alguém? Tudo
isto — ou seja, a vida? Talvez nada do que está no exterior, e é como se os
seus olhos se rebolassem para dentro, a observar o que a cabeça contém, as
memórias, as mágoas, as perdas, as inquietações, a felicidade que uma vez tiveram.
Talvez os planos para um romance, uma peça de teatro, uma cantata, uma
longa-metragem, um drama autobiográfico. Não é impossível que vagueie por ali
gente desta, esquivando-se das pessoas como das gotas da chuva.
Seja como for, prefiro os melancólicos aos corredores — eu que sempre
que posso acumulo em mim os dois.
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