Aos escritores, aos editores e aos jornais pede-se-lhes que se reinventem.
Aos artistas de palco pede-se-lhes pouco, talvez que se deixem extinguir sem demasiado
ruído. Ao público nada se lhe pede. O público é soberano. Um dia o público vai
determinar que só os urros são literatura ou música ou notícia e aos escritores
ser-lhes-á pedido que grafem onomatopeias, aos músicos que sejam minimais e repetitivos,
aos editores que descubram formas de embalar e vender grunhidos e aos jornalistas
que nada perguntem, apenas segurem no microfone.
Como as artes, os livros e os jornais estão condenados à irrelevância
ou à imbecilidade. Parece não haver público para as produções do intelecto. Não
é certo, por isso, que haja um estádio para a humanidade acima do Homo Sapiens
Sapiens. Mesmo que o mundo continue, a probabilidade é que os deuses nos retirem
a dupla adjectivação, como as agências de rating
retiram AA aos países e às empresas.
*A direita achará tudo isto inevitável e acusará a esquerda e os
keynesianos.
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