Cristo persegue-me (quando devia talvez ser o contrário, eu ir-lhe na
peugada com veneração e toga de discípulo). Hoje postou-se-me a meio de uma
bifurcação de estradas e, com aqueles seus braços permanentemente abertos, a
apontar uma coisa e o seu contrário, fiquei sem perceber se me aconselhava a
direita, se a esquerda. Como sinaleiro, tem muito a aprender. Nem deviam,
aliás, autorizá-lo a exercer (mas neste país uns são filhos de deus, outros...).
A certa altura mais carente da viagem (havia uma recta de uns setenta metros
antes de ter de escolher), achei que ele abria os braços mas era para me
abraçar e fiquei tentado a ir em frente, entregar-me ao amplexo cristão com
Chevrolet e tudo. Travei antes do muro.
(E ao passar-lhe ao largo devo dizer que me pareceu mais o Roger Hodgson
do que o Cristo: ou há um culto novo na cidade ou anda alguém a brincar com os
moldes.)
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