Um autarca desfiliou-se do PSD por «um acumular de situações». A gota de água foi o facto de Passos Coelho ter, sem noção das prioridades, declinado um convite para estar presente nas comemorações do dia do município. Mas parece que, muito tristemente, o PSD também não tem escolhido gente da terra para as listas de deputados. Os senhores reparem: estamos a falar de um concelho onde o PSD há 26 anos não perde uma eleição para a câmara municipal. E ele próprio, o autarca, ganhou três eleições sucessivas. É obra. É serviço. A confraria tinha de retribuir, o que lhe custava?
É isto. O que se espera dos políticos é que recompensem os militantes com cargos e visitinhas aduladoras, para mostrar ao bom povo a importância dos caciques. Vem no Eça e no Camilo — e no Estado Novo era rotina.
A longevidade dos autarcas não explica tudo (o exemplar em análise até é novo, apesar de tantos mandatos, 42 aninhos). É antes a longevidade do gene que, hereditariamente, os consubstancia e os anima. Acabar-lhes com linhagem pareceria uma solução para o país — mas suspeito que o gene esteja, infelizmente, no DNA nacional.
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