Num episódio do Bartoon, a
tira do Público, lê-se: «As pegadas
de dinossauro indicam o caminho do futuro.» Nada mais verdadeiro e definidor.
Ainda que a famigerada lei de limitação de mandatos autárquicos tenha
feito saltar fora um ou outro dinossauro menos motivado, a verdade é que
sobraram demasiados, e dos mais aguerridos. Mas pior do que isso é sabermos que
tantos dos novos candidatos às autarquias não têm nada de novo a acrescentar ao
admirável mundo antigo, vão seguir exactamente as pegadas dos dinossauros que
os antecederam. O país vive uma crise histórica. Há razões externas para a
crise mas há igualmente uma culpa colectiva que não se devia alijar e que passa
também pela forma como muitas autarquias são encaradas e geridas. Em tantos
locais, demasiados locais, as eleições autárquicas continuam a ser meros combates
pelo poder entre dois clãs ansiosos por distribuírem entre si os despojos da
conquista. Chamam-lhe democracia, mas é um lapsus linguae. O jogo não remete para a Grécia, mas para o império
Maya: os vencedores, se puderem, arrancam as cabeças aos derrotados.
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