Depois dos casais vice-versa (registados aqui), temos os casais pés-de-trigo-ondulando-na-seara.
O seu amor e a sua identificação cumprem-se na forma como se inclinam para as
mesmas curiosidades, soprados pela mesma brisa. Como olham levando a cabeça, o
pescoço e os ombros atrás do olhar. Como parecem atravessar o vidro da montra
que espreitam, esticar a cabeça e o corpo para entrar nas portas dos
estabelecimentos que cruzam sem no entanto abandonar o passeio diletante pelas
ruas da cidade. São a versão transeunte do fab
four homem-elástico, a sua versão casal-em-passeio-nocturno-pós-prandial.
Vemo-los esticar o pescoço para os pratos e os menus de quem ainda come nas
esplanadas que eles cruzam; virar em sincronia aquática as cabeças para a gente
que passa.
Dir-se-ia que a característica que os define e une mais enquanto casal
é a elasticidade, síncrona e por vezes quase frenética, que exibem do torso para cima, mas
há quem defenda que é apenas a curiosidade.
A curiosidade moldando o corpo. Os seus descendentes, se eles legarem também o
gene indiscreto per saecula, serão
como pequenas girafas balanceando na ponta de um longo pescoço uma pequena
cabeça de olhos protuberantes que não perdem pitada da vida na savana.
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