As mimosas florescem,
mas é um embuste,
não há essa coisa a que chamam Primavera.
Este é o tempo dos regicidas,
alvoraçados como andorinhas.
Eles virão, eles virão.
Quando o cuco sobressoar nas copas
e o pica-pau na pele dos ulmeiros,
os reis lembrar-se-ão com estupor
da última luz de Nagasaki,
pobres nostálgicos.
Eles virão, eles virão,
arrasando o edificado
vergando a floresta
queimando terra e ar
estoirando os crânios reais (só de pensar neles)
— ou acordando com azia
num dia de expediente
e atrasados para o eléctrico.
Não há essa coisa a que chamam Primavera.
E.K.
[versão google translator retocada a partir de original grego]
Costumava perguntar o Luís Fernando Veríssimo: 'poesia numa hora dessas...?' e assim me espantei eu quando vi um poema aqui nos Canhões.
ResponderEliminarMas espantei-me cedo demais. Este é um poema bem ao jeito de um disparo de canhão.
:)
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