Espreitei e vi como ardiam velas em latinhas que parecem de
refrigerantes, com gravuras no exterior, vi plantas em vasos que dão aos nichos
um certo ambiente de estufa, vi as vassouras que diariamente varrem os pequenos
compartimentos, as bisnagas com que se borrifam as plantas e a cerâmica ou o
barro pintado das figuras, vi na sua mundana caixa de supermercado o rolo de
papel de alumínio de onde saem os fundos que protegem os tabuleiros das velas,
vi a prosaica caixa dos fósforos que acendem as velas, vi o saco preto reciclável
onde se acumulam as latinhas já usadas — vi, enfim, os bastidores de oratórios
ou santuários demasiado pequenos para terem resguardados da vista os produtos e
os objectos que revelam a humanidade por detrás do culto.
Decerto não veria nada disso se tivesse ido ali apenas para rezar.
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