domingo, 15 de janeiro de 2012

Sai mais um bagaço

«O Governo de coligação PSD-CDS, desde que tomou posse, ofereceu, generosamente, à gente sua amiga uma dezena de lugares de proeminência muitíssimo bem pagos. O que produziu um escândalo de certa maneira inesperado. (…) À superfície não se vê por isso o motivo por que um acto, por assim dizer normal, de Passos Coelho provocou agora tanta indignação e tanta conversa.»
Vasco Pulido Valente, «Uma velha história», Público de 14/1/2012

A “análise” de que extraí o pedaço acima não se distingue, a não ser pelo acabamento da prosa, daquilo que produziriam habituados comentadores de tasca, exímios a concluir serem os políticos todos iguais e a defender ser profundamente estúpido considerar a mudança. Fecha a porta ao debate da mesma forma (embora com outra conveniência, mas não é esse o ponto que agora me interessa).
Por vezes espanta que as redacções de VPV, com frequência pouco mais do que fúteis, façam dele o cronista-mor do reino. Mas a explicação é simples: também a intelectualidade portuguesa não se distingue geralmente do auditório de taberna — excepto por uma mais aguda sensibilidade à gramática e à retórica. Se estivéssemos no século XIX, o corte da jaqueta seria igualmente considerado. E aí o escriba teria talvez de mudar de alfaiate.

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