Depois passou uma publicidade institucional e percebi que era de facto
a 2 (ok, também houve um separador que a anunciou). Estava numa mesa distante e
não a vi em pormenor, mas a publicidade era sobre civismo, comportamentos
censuráveis em diferentes circunstâncias, toques de telemóveis inoportunos,
deselegantes, coisas assim. Ignoro se passa também no canal 1, mas desconfio
que não. Seria contra a lógica nacional. O civismo implica sensibilidade,
respeito, aceitação do outro e da diferença. É matéria de minorias, portanto,
conclui a lógica nacional. Logo, passa na 2. Se fosse algo relacionado com estupidez
de massas, sim, teria direito ao canal principal e a horário nobre. Se promovesse
o uso polifónico do telemóvel no cinema, no teatro e na sala de aulas, sim, passaria
frequentemente na RTP1. Mas como fala de valores, como tem uma mensagem que, se
decifrada, pode ofender o povo do prime time
(pelo retrato implícito), o melhor é passar na 2, onde a entendem e aprovam.
Nem que isso equivalha a vender bronzeadores em África. A lógica nacional é
assim, redundante e pusilânime. Capaz de conceber uma campanha de promoção do
civismo, mas receosa de a passar no canal onde ela faria falta. (Ainda a
acusariam de querer educar o povo.)
Talvez eu esteja enganado e a campanha passe nos dois canais. A lógica
nacional por vezes distrai-se.
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