Não fiz uma análise intensiva das imagens televisivas que
mostram o chefe da segurança do Primeiro-Ministro a passar-se. Mas identifiquei
um padrão: o dos cães de estimação a reagirem em defesa do dono. Ali estava um
exemplar impulsivo, com a perspicácia e a subtileza de um doberman jovem, apenas crescido de corpo. Imaginem o que aquele segurança
não fará quando os cidadãos passarem do insulto ao bufardo.
Também foi um pouco canina a corroboração dos agentes fardados
no exterior. O estudante detido para identificação podia ter-se manifestado
contra o PM, concederam — mas não com
insultos, repetiu um dos agentes. Estará o Governo a preparar-se para criminalizar
o insulto? É possível. E talvez a blasfémia. Ideologia para isso não lhe falta.
A ser assim, cos diabos, cheira-me que a polícia vai ter muito trabalho nos
próximos tempos. Nem os santos se livrarão de tanto praguejar.
Já vi aquele chefe de segurança à ilharga do PM algumas
vezes e, se não era exactamente um low
profile, também não denunciava ter o sangue assim tão quente. Isso mostra
que a) o estudante é particularmente dotado na arte de insultar, b) disse
alguma verdade incómoda, ou c) o Governo anda com o dedo leve no gatilho. Nervosos,
meus senhores?
Alguém devia explicar ao chefe da segurança do Sr. Primeiro-Ministro
que a sua função não é ladrar aos manifestantes. A sua função é deixar-se crivar
de balas em vez do dono. Não vê filmes?
De resto, se queria que o país não lhe conhecesse a cara
conseguiu exactamente o oposto. Saltar para cima de um insultador e de uma
câmara daquela forma é tão néscio como concorrer ao Big Brother com a esperança
de não ser filmado.
Se queria proteger o Primeiro-Ministro tapava-lhe as orelhas.
Ai essa irreverência 'gauchiste', tão acesa...
ResponderEliminarNervosos, sim, e compreensivelmente; há muito que me questiono quem será o primeiro a levar um tiro..., desde os tumultos gregos, passando pelos levantamentos espanhóis e agora, depois dos novos apertos que ameaçam o resto da nossa sanidade, quem se 'passará' a sério, e quando?
Não me aprazem os insultos, sendo esse o projéctil mais rasteiro.
O rapazinho procedeu mal, portanto foi, digamos, alertado para o facto.
E o segurança procedeu de acordo com as suas funções, assim como os agentes fardados.
Que embirração com as forças de autoridade, hã?
E se nos colocássemos no lugar deles?
De todos eles?
O Hölderlin é que tinha razão... 'fácil', só uma coisa.
E às vezes, nem isso. Digo eu.