Os portugueses julgavam que tinham elegido um
governo, mas na verdade elegeram o Xerife de Nottingham.
A RTP1 não fazia serviço público. Quando muito, fazia
servicinhos aos governos, e nem todos
de cariz sexual. Ou fazia o serviço
em público (era impossível não dar pelo cheiro). Se não se é coprófago, é-se de
opinião que um canal como a RTP1 devia ser fechado, implodido, incinerado — ou,
se quiserem, vendido (podia dar para adubos, sabe-se lá). Mas quando um licenciado
express coadjuva um espectador do La
Feria no Governo aparecem melhores ideias. Como esta de pagar a um privado para
fazer o lindo serviço que a RTP1 fazia.
Ok, não será bem o mesmo serviço. Os neurónios
extra que aqueles dois contrataram para juntar ao par que possuem matutaram e
concluíram que terá de haver um novo caderno de encargos definido pelo actual
Governo. Sim, porque cada um gosta de fazer a sua própria merda. De resto,
ninguém tem dúvidas que se algum Governo houve em Portugal capaz de definir um
serviço público de televisão ele foi
eleito em Junho do ano passado. Serviço público e este Governo são como unha e
carne: a unha deles, a nossa carne.
Portanto este hibrido pegajoso de PSD e CDS espremerá
a cabecinha para criar um novo conceito de serviço público. Não precisava de se
dar ao trabalho: já sabemos que o resultado será um novo preconceito de serviço público. Um preconceito cultural, ideológico
e económico. Um serviço público adaptável à sacrossanta lei da oferta e da
procura. Exactamente aquilo que o país nunca
teve e estava a precisar.
Alguns dirão que a venda da RTP serviria melhor os interesses nacionais. Haveria um razoável
encaixe financeiro e, ao fim e ao cabo, a merda que iria para o ar seria a
mesma. Quer dizer, nesta concessão, o operador privado terá de se preocupar com receitas (não
muito, é certo) e terá de competir pela sua quota de audiências medíocres (isso estará no caderno de encargos). Porquê
hão-de então os contribuintes continuar a pagar por um serviço que outros operadores
privados já garantem? E porque hão-de os contribuintes pagá-lo a uma empresa
privada?
Porque em certas circunstâncias ser papalvo é bom.
Ser papalvo sob a gestão de um executivo PSD é bom. Foi isso que o esbirro
António Borges veio dizer aos portugueses em nome do cobarde do Xerife de
Nottingham.
O Caro Rui Ângelo Araújo ainda consegue expressar a sua perplexidade e indignação. Eu nem isso. Quando as coisas chegam a este ponto já me é difícil encontrar palavras para falar delas. Costumo dizer que a mediocridade a que se chegou é total. Mas vamos, aos poucos, descendo novos patamares. E abaixo da mediocridade de que devemos falar? De maldade? Confesso que não sei. Quero também manifestar a minha indignação mas faltam-me palavras.
ResponderEliminaré uma vergonha, a somar a tantas outras.
ResponderEliminarpenso que o que vem aí com a TAP será a maior de todas.
que gente tão corrupta e ordinária.
São umas a seguir às outras, às vezes até se encavalitam, é atordoador!
ResponderEliminarE uma pessoa fica boquiaberta a vê-los 'manobrar' (e a olhar para as contas e para as intimações das Finanças e quejandos).
Palavra que nem sei o que sentir...; isto é um fatalismo luso?
Isto é castigo?
Merecemos?