sábado, 17 de abril de 2021

Zoo nocturno (2)

Ontem não havia ginetas no zoo, mas a certa altura uma rã (que parecia um bonsai de um animal, tão pequena que tive de pôr os óculos de leitura para me certificar de que não era uma pulga) saltou de alegria à minha frente. Bem, talvez não fosse uma rã aos pulos de alegria mas um sapo anão a fugir de pânico, não sou muito bom em taxonomia e a distinguir emoções. Mais tarde na jornada, à luz do último candeeiro da civilização, antes mesmo do coração das trevas, encontrei, acocoradas, duas jovens criaturas endémicas a dispor engenhosamente em fileiras, sobre uma superfície lisa, um pó branco, decerto para a última recreação do dia. Bem, talvez não fossem criaturas endémicas, mas espécimes exóticos fora do seu habitat natural (provenientes das ilhas britânicas, por exemplo; há-os por cá), e talvez o pó não fosse para recreação mas para adoçar o chá do desterro — não sou muito bom em taxonomia, como disse, nem em etologia.

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