Uma forma sofisticada de racismo, que utiliza o álibi do combate ao «politicamente correcto», afirma que a designação «afro-americano» é segregacionista, porque divide uma população que é toda «americana». Pretende quem tal propõe que, ao auto-designarem-se de afro-americanos, os negros dos Estados Unidos cultivam a sua própria guetização.
O argumento é irrefutável: sabemos bem que, se não fosse a obsessão dos negros pela sua origem histórica ninguém na América usaria já designações como «black» e muito menos «nigger» — termos que só persistem, residualmente, como reacção aos excessos identitários (ou à hiper-correcção linguística do «marxismo cultural») e que são absolutamente inócuos, sem peso histórico ou conotação étnica, referindo-se apenas a americanos especialmente morenos.
Ter alguém algum dia proposto uma designação alternativa a «black», evocando assim de forma dispensável divisões e antagonismos há muito esquecidos na população americana, foi justamente o que reavivou certos movimentos racistas que de outra maneira continuariam apenas a ser guildas de bons americanos tementes a deus.
Temos enfim de concluir, assimilando toda esta sabedoria do comentário facebookiano, que George Floyd não morreu de um joelho no pescoço: soçobrou ao peso auto-infligido da sua já desnecessária afro-americanidade e asfixiou-se ao engolir a novilíngua politicamente correcta.
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