Hoje apenas uma das televisões estava ligada e, talvez resultado da boa
combinação entre Foster Wallace e um tinto carregado alentejano, de repente
pareceu-me que o vizinho sul (o outro dormia a sesta) ouvia ‘Elephant’, das
Warpaint. Apurei o ouvido e foi difícil
convencerem-me que era apenas mais uma pimbalhice que o vento distorcia ao
ponto de fazer parecer música o que era apenas gargarejos de um cérebro
aditivado com botox.
Liguei o portátil para vos dar conta deste fenómeno alentejano e acabei
a pôr as meninas de Los Angeles a cantar. Para meu espanto, o vizinho acordado
(o outro ressonava), que eu julgava surdo como um portão de quinta, no final da
música continuou com o assobio do outro lado do muro a melodia principal de ‘Elephant’,
como se fosse um conhecedor profundo da obra das Warpaint. Repeti a experiência
com o mesmo resultado e concluí que, ao contrário do propagado por Moniz, Rangel
& Sons, o povo não têm necessariamente mau gosto — ou que o vizinho tem alma
de Lyre Bird.
Concordo. Warpaint é uma banda interessante sim senhor.
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