«Quão frágeis e falíveis podem ser as percepções em que assenta a construção de uma identidade, a formação de um carácter? Ou: quão capaz é a memória dessas percepções de resistir ao confronto com outras percepções sobre os mesmos mitos ontológicos de origem?
Uma mulher regressa como hóspede num fim-de-semana de Inverno à casa onde viveu na adolescência, agora transformada em alojamento para turismo de montanha. Não é uma excursão nostálgica típica, mas, nas suas palavras, "um confronto em simultâneo inquietante e voluntário com o passado: ia ficar na Villa Juliana, a casa onde vivi até aos vinte anos, quando o meu pai era ali o médico da Companhia, antes de se tornar o assassino da minha mãe".
Um desconhecido chega a uma cidade ao acaso e conhece histórias e pessoas que o distraem das razões porque conduziu fortuitamente centenas de quilómetros para se transformar num anónimo. É o interlocutor perfeito para o recém-regressado herdeiro de um solar com maneiras e discurso excêntricos.
Num restaurante da serra sem outros clientes, dois homens convidam uma mulher para a sua mesa. Fecha-se o círculo.»
Villa Juliana
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