Anteontem ouvi na rádio Passos Coelho acusar algumas universidades de
manterem cursos sem procura e sem pertinência apenas para «os senhores
professores» poderem dar aulas. Não é a questão da racionalidade da oferta
universitária que aqui me interessa (sobre isso já discorri antes de
haver crise). É o tom, a forma como Coelho expeliu aquele «senhores
professores». Há expressões que dizem tudo, traem pensamentos e sentimentos. O
Primeiro-Ministro naquela frase não acusou apenas as universidades de
irrazoabilidade — achou também abusivo que os senhores professores quisessem
dar aulas. Sem o dizer, achou absurdo que os senhores professores quisessem
trabalhar.
Vinda de um Primeiro-Ministro que se opôs a qualquer medida capaz de criar
emprego, vinda de um PM que favoreceu com a alegria e a jovialidade dos fanáticos
a degradação do emprego (ou quando muito o emprego com salários de insulto), esta sua
«racionalidade» na organização do Estado parece tão científica e altruísta
quanto a «medicina» de Josef Mengele.
Rui, de alguém que trabalha por lá, acredite, desta vez, o "senhor" Paços tem razão. É vergonhoso como se mantêm cursos obsoletos e que apenas formam futuros desempregados porque os professores continuam a guiar-se pelas velhas folhas de papel amarelado e não sabem (nem querem) adaptar-se às novas necessidades... Acredite no que lhe digo...
ResponderEliminarUm abraço.
Não duvido e já o disse. Mas por favor leia outra vez o meu post e vai ver que não é exactamente disso que trata.
ResponderEliminarA mediocridade tem horror a tudo o que cheire vagamente a saber. Os medíocres odeiam os que opinam, os que gostam de ler, os que aprendem. A questão é que, quase tudo isso, são coisas que podem, por contraste, evidenciar a sua mediocridade. Professores, cientistas - tudo gente inútil, na opinião dos passos coelhos deste mundo.
ResponderEliminarPor isso, a mediocridade convive bem com o totalitarismo.
É um perigo quando se deixa que os medíocres tomem o poder.
Considero o Passos Coelho um Jota sem cultura e sem "mundo".
ResponderEliminarE sem tomatinhos, já agora. Porque se os tivesse, em vez de "se queixar" de uma justiça para ricos e outra para pobres e de universidades que só servem para garantir os empregos dos profs, em vez disso, que todos sabemos que é verdade, resolvia o problema. Podia começar por fechar 2/3 dos politécnicos e Universidades.
Mesmo que esqueçamos por instantes que os professores são seres humanos (com defeitos e virtudes como os outros), tenho dificuldade em perceber como é que despedir de um momento para o outro dois terços deles pode ser uma medida razoável para a economia geral, num tempo que que não há criação de emprego e continuamos a ter mais desempregados do que seria sustentável. Claro que podemos considerar legítimo e até pedagógico o seu sacrifício em prol do resto da sociedade — talvez num ritual de sangue, castigando pela lâmina os seus antigos privilégios.
ResponderEliminarCaro Anónimo: a racionalização do Estado é necessária, mas para inteligência de bulldozer, ajustes de contas ideológicos e erros de cálculo já temos governo e troika que cheguem, obrigado.