sexta-feira, 29 de julho de 2022

Pescador do futuro perdido

Para ver a bóia, o pescador debruça-se sobre a amurada da ponte. Não porque a altura seja muita, mas porque a água é pouca. O rio vai secando e o contumaz pescador aponta a cana verticalmente a uma poça que parece pouco mais do que o resultado de uma chuvada num caminho de pó, onde não cabem carpas nem trutas e na verdade talvez nem sequer haja peixe. É a imagem de uma seca que perdura, mas talvez seja também o vislumbre de um futuro não muito distante em que das premissas da pesca apenas sobram a cana, o pescador e uma fome pouco gastronómica.

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