sábado, 5 de dezembro de 2020

O fim dos “Manifestos”

Quem me lê sabe que mantive nos últimos anos uma suave mas persistente embirração com os “Manifestos” da LER. Não porque os textinhos fossem mal escritos ou ignorantes (pelo contrário), mas porque denotavam demasiadas vezes uma obsessão ou uma certeza doutrinárias, não raro furiosas, bastante comparáveis às dos fenómenos ou movimentos sociais de cuja crítica se ocupavam.

Depois, havia com frequência uma tal sintonia de sentimentos e forma entre FJV e BVA que me perguntava progressivamente, ao verificar as iniciais que assinavam os textos, quanto desta minha impressão se devia a gralha dos tipógrafos, provocação lúdica dos autores ou resultado de uma escala de serviços cumprida quando conveniente com troca oficiosa de turnos.

Por fim, estava o facto de uma parte dos textinhos — suponho que atribuível a Francisco José Viegas, mas não sei a que ponto foram levados os equívocos ou combinações que referi no parágrafo anterior — ser material requentado do blogue A Origem das Espécies, o que não ficaria mal a uma revista miserável como a Periférica mas lançava um ligeiro opróbrio sobre a LER.

Agora — diz a LER, confirmando uma inconfidência de Bruno Vieira Amaral em comentário ao meu último post da série dedicada ao assunto — os “Manifestos” acabaram: «saúdam e despedem-se».

Não escondo que, apesar do alívio (o médico já não aconselha irritações), me rola uma sincera lágrima pela face.


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Adenda: Bruno Vieira Amaral, em comentário a este post no Facebook, esclarece: «Não cometi qualquer inconfidência sobre o fim dos manifestos. Aliás, fiquei a saber do fim dos manifestos ao ler o teu blogue, que era o sítio onde me ia mantendo informado sobre as novidades da revista.»

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