Antes havia anedotas ditas «de tasca» porque apenas eram admiradas pela audiência pouco exigente de uma taberna. Não as repetiríamos nem riríamos com elas sem ser no seu ambiente natural — e sentindo depois, com a ressaca, o embaraço de o termos feito, desejando que ninguém tivesse ficado sóbrio para testemunhar a queda momentânea no mau gosto.
Entretanto as televisões generalistas elevaram a anedota à condição chique e estrangeirada de stand up comedy e subtraíram Fernando Rocha a uma cassete de feira para o somar ao estrelato nacional.
Pelo seu lado, o Facebook, que tem a injusta fama de democratizar o debate público, liberta as pessoas, mas com frequência o que liberta nelas é aquilo que a educação ou o sentido estético antes, e adequadamente, reprimiam. Na teia de amizades que por fraqueza ou vaidade consentimos, e por onde o algoritmo nos conduz à sua maneira insondável, não raro damos por nós, se nos distraímos, a frequentar online uma taberna a céu aberto — sem o proveito do tinto.
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