Há duas maneiras de evitar que O
Despertar da Força atraiçoe a boa memória que Guerra das Estrelas deixou. Não ver o novo filme é naturalmente uma
delas. A outra é rever antes os três episódios dos anos 70 e 80: eles se
encarregarão de destruir a sua própria aura.
Fiz isso, como bom geek (ou
talvez como traidor geek, não sei bem
qual é o protocolo para estas situações). Por isso saí hoje apaziguado do
cinema: as expectativas já tinham sido devidamente postas no lugar, a decepção
tinha ocorrido dias antes, ao rever Uma
Nova Esperança, O Império Contra-Ataca
e O Regresso de Jedi.
O que estimulava a imaginação há trinta anos e a fazia viajar sem
limites é bastante diferente daquilo que hoje poderia fazer o mesmo com a
pessoa que sou. E a culpa não é dos filmes*, temo bem.
Contudo, acredito que Star Wars
permanecerá como um dado feliz na minha vida. Isso não depende dos filmes, e
de mim depende pouco, do eu
consciente. Deixada sozinha consigo mesma, a memória voltará ao seu trabalho de
mitificação e a adolescência voltará a ser aquele lugar feliz que não depende
de eu ter ou não sido feliz nele ou de serem bons os filmes que nele passavam ou as sequelas que deles se fazem. Que
a Força, essa Força que nos permite ver com o passado como o paraíso (não
totalmente) perdido, esteja com ela.
*Ou não é só dos filmes. Alien – O Oitavo passageiro é da mesma altura e sobreviveu muito melhor.
*Ou não é só dos filmes. Alien – O Oitavo passageiro é da mesma altura e sobreviveu muito melhor.
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