A esquerda também tem os seus cortesãos, a quem as baixezas da
democracia incomodam. Eduardo Pitta, no seu blogue, escandaliza-se com a permeabilidade de
coador furado do Tribunal de Contas, no que se refere a filtrar candidatos às
presidenciais, e vai daí faz birra e não assiste a nenhum debate, talvez
boicote mesmo as eleições.
Eu também me escandalizo com o facto de ter havido 7.500 portugueses
que subscreveram a candidatura de Tino de Rans. Para humor e nonsense ficaria bem mais aliviado
(entusiasmado, na verdade) se 7.500 portugueses tivessem subscrito uma
candidatura de Manuel João Vieira. Seria uma indicação de que alguns dos nossos
compatriotas distinguem a sátira da anedota, a inteligência da brejeirice.
Seria uma indicação de que uma quantidade apreciável de portugueses, se não se
importa com o governo da pátria, é pelo menos criteriosa no que concerne à
derrisão da pátria.
Contudo, não creio que as assinaturas e o mau gosto de uns tantos (lembro
que o sistema é Democracia) poluam as assinaturas que habilitaram outros
candidatos, até aos meus olhos mais apresentáveis. Elogio, aliás, o estoicismo e
a polidez com que estes aceitaram todos os debates. De resto, só vejo os
debates que quero e voto igualmente em quem quero. Se por alguma razão paranóica
ou hipocondríaca eu temesse contágios bacteriológicos da ralé por simples
contacto com o boletim de voto onde aparecem tão vis figuras, procuraria desde
já umas luvas de cirurgião que dissessem bem com a minha toilette de 24 de Janeiro. Eduardo Pitta, não querendo da sua
tribuna ajudar a esclarecer o eleitorado, pode cobrir da mesma forma os seus
apêndices e poupar o país ao seu pedantismo e ao seu paternalismo. Portugal não
são aqueles 7.500, 15.000 ou 22.500 portugueses que ele como eu execra. (Embora
às vezes pareça, é certo.)
É tudo uma questão de "suor", Rui. :)
ResponderEliminarO Manuel João não tem pachorra nem amigos para andarem de porta em porta a pedir assinaturas, como deve ter feito o Tino de Rans, artista de rádio e tv.
Em relação ao resto é folclore. Claro que acaba por não se discutir o essencial, porque os candidatos se agarram a coisa pequenas, como convém ao já proclamado presidente, que talvez passe a ser o senhor Sousa para o ti Alberto das Ilhas.:)