Está um frio de rachar e, submerso em camadas de vestuário de acordo
com os receituários meteorológicos, ouço pássaros em plenos fôlego e inspiração
melódica. Não duvido da minha sanidade, mas pelo sim pelo não encosto os phones à orelha para checkar: no meio de
tantas páginas abertas para os trabalhos de hoje alguma terá talvez música de
fundo ornitológica. Porém, não. Os pássaros não esperam por padecer da
nostalgia de ar livre (mesmo que siberiano) e do consequente impulso que senti
há pouco quando me permiti espreitar a janela por segundos. Os pássaros
recusam-se à ladainha humana de ser domingo e ter de trabalhar e ficar meses
sem passear pelos montes. Os pássaros voam assobiando ou assobiam voando, e que
se foda a vidinha responsável e burguesa! Onde raios pus as minhas asas e o
diapasão?
As asas estão nas palavras. Se as quer ver terá que escrever as palavras e devem ser muitas pois nada mais belo que uma dança de palavras em pleno voo. Mas faça lá os seus trabalhos que a gente vai-se contentando com estes breves interlúdios.
ResponderEliminarAh, a maravilha do voo! Será que as asas ficaram na gaveta das meias?
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