Do outro lado da esplanada senta-se uma septuagenária com ar frágil. Imagino-a à espera do chá com bolo, como outras que frequentam o sítio, algumas prestes a adentrarem no labirinto de Alzheimer.
Minutos depois volto a olhar e noto que à sua frente tem um café e um copo de água e que está a retirar um cigarro do pacote, com gestos precisos, habituados e elegantes. À primeira baforada, que lança erguendo uma inesperada cabeça de femme fatale, está já completa a metamorfose: é agora uma veterana agente da CIA, com um ar determinado e firme, duro, controlando remota e friamente operações secretas, quiçá a abdução de Putin.
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