quinta-feira, 6 de outubro de 2022
Feriado no parque
A grande vertente relvada que se inclina para o rio nega a ideia de parque, está vazia, silenciosa, parada debaixo do Sol como se alguém tivesse congelado um momento no tempo sem humanidade. As pessoas, dá-se conta depois, existem e estão distribuídas em grupos de dois a quatro na fileira de bancos que acompanham a margem, distanciados entre si uns vinte metros. Da perspectiva em que se vêem, os bancos parecem estações de uma linha de metro e as pessoas neles, sem já saberem o que fazer a um feriado, matam o tempo enquanto esperam — figuras de um último quadro de Hopper movendo apenas imperceptivelmente indicadores e polegares nos seus ecrãs tácteis.
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