domingo, 24 de outubro de 2021

The (night) swimmer

Para evitar as penosas subidas no regresso, não fui correr à beira-rio. A opção de andar às voltas no jardim público como cão atrás da cauda também tinha de ser descartada, o sítio agora fecha cedo. Lembrei-me do nadador de John Cheever e pus-me a planear uma travessia da cidade, não pelas piscinas da vizinhança, mas por jardins, pracetas e ruas arborizadas. Quando nadei rente ao cemitério ouvi barulho e pensei em coisas do imaginário popular, almas penadas uivando, xácara das bruxas dançando. Mais adiante percebi que era mesmo música, da janela do coveiro saía o fraseado baloiçante e brejeiro de concertinas em neo-desgarrada, contributos televisivos para um imaginário popular de lantejoulas. 
Cambaleei de regresso para a minha decrépita, vazia e abandonada casa.

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