Auschwitz constitui assim um dos vários programas da oferta
de Cracóvia, a par das montanhas de Zakopane, da descida às minas de sal, do rafting no Dunajec, do crazy tour à cidade satélite comunista de
Nowa Huta. Insere-se na rubrica «o que fazer» quando se está em Cracóvia à
espera de dicas. Visita-se como se visita mais um castelo, com as suas próprias
masmorras e histórias de tortura. Os turistas, quando têm a informação, a idade
ou o carácter suficientes, lá adoptam ao sair do autocarro a devida expressão
circunspecta, como quando visitam sem quererem parecer desrespeitosos um templo
de outra religião. Se lhes pedissem, descalçar-se-iam ou cobririam a cabeça,
mas muitos ficariam aborrecidos se não pudessem fotografar. No final das férias
terão disponível para os amigos um relato da visita, intercalado em histórias
de refeições deliciosas ou horríveis, dificuldades do câmbio monetário, noites
em bares e picardias sobre os polacos e as polacas.
Não é portanto prevista ou sugerida uma estadia em Oświęcim
(embora a cidade tenha vários hotéis, e um deles, o Hampton by Hilton, fique mesmo
na entrada do pequeno centro histórico). Presumo que ninguém queira que os
turistas se aborreçam a cismar numa pacata cidade a braços com a sua ocupação
nazi e os seus blocos de habitação comunistas quando há tanta coisa excitante
para fazer no resto da Polónia.
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