É fácil invocar o chavão «gostos não se discutem» para
terminar uma conversa (ou, mais rigorosamente, para fazer calar o interlocutor).
Talvez os gostos não se discutam (não se deviam impor, isso sim).
Mas pode-se tentar explicar serena e sabiamente a qualidade e a singularidade de
uma obra de arte, como se faz neste vídeo.
Apelar à difusão do vídeo pode contudo valer-nos a acusação
de proselitismo, porque, como se sabe, o único proselitismo válido, mas não
assumido, é o que praticam com denodo as televisões e a imprensa “popular”.
Claro que nunca veremos a TVI ou a CMTV a substituir um dos
programas do seu circo de horrores por uma aula destas. Mas podemos sempre observar
que, ao contrário do que apregoam, a sua noção de democracia está errada.
A chave da democracia não é fazer cumprir a opção da maioria
(muito menos a opção previamente decidida pelos populistas de serviço). A chave
da democracia é, exactamente, a possibilidade de optar. E isso só se assegura
permitindo a diversidade e a singularidade. O que acontece é que demasiado frequentemente, como
lembra Luís Figueiredo no final do vídeo, «as pessoas não estão a escolher». Como poderiam, não é?
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