sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Bancos e cadeiras

Uma agência do banco Millennium está a livrar-se do mobiliário, não sei se porque o banco faliu (não tenho visto notícias) ou se porque estão em processo de lavagem de cara, como os bancos costumam fazer com frequência. O mobiliário está em óptimo estado, e no entanto está a ser carregado para uma camioneta de caixa aberta — em dia de chuva. Não é provável, portanto, que se destine a reaproveitamento. Já se sabe: os contribuintes pagam os problemas financeiros que os bancos arranjam, pagam os salários e prémios milionários dos gestores bancários (mesmo dos que falham clamorosamente na gestão e nunca devolvem os prémios) — podem, por isso, naturalmente, pagar a redecoração dos bancos.
Imagino que os acólitos do sistema financeiro também tenham uma boa justificação para este comportamento. Têm sempre. No Titanic talvez tenha havido quem defendesse que o ângulo de inclinação do convés não era um sintoma, mas uma característica da embarcação que no final revelava os seus benefícios para todos (banho grátis, por exemplo).
A mim dava-me jeito uma daquelas cadeiras, mas suponho que qualquer lixeira a céu aberto é mais bem vista e tem mais crédito do que eu junto dos bancos.

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