Entre uma foto e outra passaram dois anos. Na primeira, de 2012, o
livro era A Informação, de Martin
Amis. Na segunda, actual, o livro é Os Velhos
Diabos, de Kingsley Amis.
Há duas ordens de leitura possíveis para estes livros — por data de
edição ou por idade dos autores e dos protagonistas —, mas só uma é cronologicamente
correcta.
Há também inúmeras formas de os ler, mas só uma nos salva deles. É que ambos
são divertidos, mas a matéria de que fazem uso (a vida) não o é assim tanto, se
levada a sério. Não caia na asneira de os ler na cama ou no sofá lá de casa. É
necessário descer ao sol promissor do Alentejo e enfiarmo-nos em calções curtos
numa piscina infantil, se quisermos sair verdadeiramente risonhos de ler os
Amis.
Publicado originalmente em 1995, quando Martin tinha 46 anos, A Informação trata de gente na casa dos
quarenta. Os Velhos Diabos saiu
antes, em 1986, tinha Kingsley 64, e fala de sexagenários. Martin, que tem
agora 65 anos, há-de andar desesperado para não
escrever um romance demasiado parecido a Os
Velhos Diabos. Ser-lhe-á difícil. Não porque esteja condenado a imitar o estilo
do pai — mas porque a vida (a tal matéria literária) não muda, verdadeiramente.
Da minha relativa juventude, prevejo que não difere muito ser-se sexagenário em
1986, 2014 ou 2034. Daqui a vinte anos eu próprio estarei a ter as minhas
dificuldades para não publicar uma imitação de Os Velhos Diabos.
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