Sir Kingsley Amis soou-me
sempre demasiado pomposo e isso manteve-me à distância. Não admira que os
livros do filho tivessem degenerado, imaginava eu. Quem suporta um pai
hierático, com assento no panteão? Um tipo torna-se pornógrafo ou bombista,
algo que ofenda a moral paterna, se tem de viver à sombra de um pai destes.
Entretanto, deu-me para ler Os
Velhos Diabos do Amis sénior e tive de reconsiderar. A luta de Martin com o
pai, percebo agora, foi de outro cariz. Não teve de o afrontar — teve de o
suplantar. Na prosa e na corrosão. Amis pai é Amis filho adiantado umas décadas
e um pouco menos à-vontade com palavrões.
Kingsley Amis, descobri com espanto e embaraço, de sir (na acepção palaciana) só tinha o título, no resto era um de
nós, disfuncionais e reles humanos. Alguém que vale a pena ler, portanto.
Ordenar cavaleiro um escritor é dar-lhe um lustro despropositado, afastar
leitores avessos a salamaleques. Em alguns casos é mesmo ridículo. Ou então,
ordenar cavaleiro um escritor é um gesto de uma civilização superior. Se calhar
é isto e eu é que estou demasiado habituado a ser tuga.
P.S.: Sim, talvez haja algo a dizer sobre esta estranha propensão para ler os Amis numa piscina infantil.
Olhe que o titulo de Sir já não é o que era, nem mesmo o de Lord.
ResponderEliminarAmbos são atribuídos pelo governo em funções, a troco de serviços e fidelidades várias e até mesmo de dinheiro, como um escandalo em 2006 (cash for honours) veio mostrar.
Leia portanto tranquilo.