A comédia ligeira autopromove-se em tempos de crise dizendo
que as pessoas precisam de se distrair das dificuldades da vida. Por outro
lado, se os dias vão soalheiros e fecundos, a comédia ligeira quer também ser
dominante, porque num tal mundo de felicidade seria funesto ter outra atitude
que não a do riso leve e fácil.
A comédia ligeira quer, enfim, ser como o vinho, que se bebe
para esquecer e para celebrar, por depressão e alegria.
Não interessa à comédia ligeira que, tirando certo tipo
irrecuperável de bêbados, as pessoas prefeririam um vinho bom e distinto — caso
o pudessem provar, diferenciar e adquirir — à zurrapa corriqueira que por força consomem. Só bebe mau vinho quem não pode beber outro. Ou, por tradicional teimosia
e orgulho besta, quem o produz. Unipessoal ou cooperativamente.
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