Nos tempos que correm, parece boa ideia revisitar as Memórias da II Guerra Mundial, de
Winston Churchill. A direita, porém, que costumava andar de boca cheia com citações
ou episódios churchillianos, parece não achar o mesmo. Veja-se que simpatias
tem a direita, que líderes e discursos aplaude, que condescendência selectiva
pratica, que cinismo cultiva — da Alemanha à Inglaterra, da América ao Brasil,
passando pelas colunas do Observador.
Se não houvesse hoje razões ideológicas para rejeitar a direita, haveria as
companhias que ela escolhe.
Em 2016 cessaram os direitos autorais sobre Mein Kampf — que a Baviera assumira depois do final da guerra e da
morte de Hitler — e o Instituto de História Contemporânea de Munique-Berlim editou uma versão crítica com 3.500 notas que é já um best-seller. Inúmeros países querem os direitos de tradução
(para já negados).
Segundo os editores, o perfil do comprador é de pesquisadores e pessoas
interessadas em História. Talvez seja assim, mas não custa imaginar a direita a
contribuir para o sucesso de vendas do calhamaço apenas para questionar o rigor das notas. É, desconfio, uma
ocupação intelectual que muitos preferirão a, por exemplo, reflexões sobre a mestria na descrição histórica e biográfica
e sobre a brilhante oratória na defesa de
elevados valores humanos que o comité do Nobel viu nos escritos de Churchill.
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