Talvez as autoridades que regem as campanhas eleitorais ou a publicidade nos espaços públicos sejam legalmente impotentes ou tenham já desistido de desempenhar a sua missão, como cedo as instâncias judiciais desistiram de defender a democracia. Os histéricos conseguem por vezes, pela berraria e pela contumácia, este feito soporífero nas instituições.
De todo o modo, mesmo que alguma autoridade acordasse do seu torpor e cumprisse a elementar e higiénica tarefa de varrer o lixo chegano para os caixotes da urbe e da História, já ia tarde. O vírus disseminou-se. O circo de palhaços e horrores que o gangue instalou no parlamento e no país cumpriu a sua missão funesta de fazer parecer respeitável, por menos histriónica, uma direita sinistramente reaccionária como é hoje o PSD.
Veja-se Montenegro, qual Trump à espera de um tiro na orelha, num cenário patético mas revelador, com oito (8!) bandeiras de Portugal atrás — como se uma já não chegasse para afirmar a glória da nação —, a falar de portugueses de verdade e “portugueses de ocasião”, secundado por Leitão Amaro a anunciar que “hoje Portugal ficou mais Portugal”, enquanto veladamente avançam com legislação para nos tramar.
O risinho de hiena auto-satisfeita do primeiro-ministro é a tradução governativa — logo, consequente — do sorriso de Mona-Lisa-do-Bangladesh da eminência parva que assombra em outdoors as praças e as rotundas do país.
 
